“Só é preciso um dia ruim pra reduzir o mais são dos homens a um lunático!”

Quando pensamos em clássicos dos quadrinhos, é impossível não se lembrar de alguma história do Homem-Morcego, o cavaleiro de Gotham possui uma galeria de contos clássicos como nenhum outro herói, e já teve suas histórias conduzidas pelos maiores escritores nesses mais de 75 anos de existência, Batman: A Piada Mortal de Alan Moore com certeza faz parte dessa galeria.Piada013A Piada Mortal tornou-se uma leitura obrigatória por contar com uma carga dramática intensa para uma história em quadrinhos, estabelecendo um elo entre o Morcego e seu nêmesis que não havia sido explorado até então, um conto violento e psicologicamente forte que não se reverencia ao tempo e nem estará fadado ao esquecimento.

Em 1988 o Batman ainda sofria um pouco da referência cômica e colorida da série dos anos 60, então Alan Moore o transformou em um personagem sombrio e seu vilão, antes apenas um palhaço do crime, agora se tornaria um insano e sádico antagonista.A Piada Mortal01Na trama, o Morcego se propõe a entender seu rival sorridente, porém este escapou do Asilo Arkham e pôs em prática um plano sem precedentes, se antes ele apenas assaltava bancos e tentava capturar o Batman, agora ele quer provar que a loucura é um abismo que qualquer homem pode cair, bastando apenas um dia ruim. O Comissário Gordon se torna alvo do palhaço, e este inicia uma série de eventos a fim de provar seu ponto, entre eles está atirar e deixar paraplégica a filha do Comissário.

A cena envolvendo Barbara Gordon (BatGirl em segredo) é impactante para o leitor, além de atirar nela, o palhaço a deixa nua enquanto sangra e tira fotos para mostrar para o Comissário, tudo com um toque insano e um ponto que até hoje está no ar, houve ou não também a violência sexual contra ela? Em paralelo a isso, temos a origem do Coringa contada pela primeira vez, algo marcante por nos mostrar um lado humano do vilão, um comediante falido e prestes a ser pai que acaba tendo um péssimo dia com a trágica morte da sua esposa grávida.

bkjhc-030Graças a todos os eventos ocorridos, o comediante se vê em um roubo à ACE Química e lá se encontra pela primeira vez com o Morcego, originando ali o nascimento do Coringa. Como dizia o poeta Victor Hugo: “o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano” e isto acaba se associando à risada maléfica dos vilões, tanto nos quadrinhos, quanto no cinema, a gargalhada bufante é um forte indício de loucura e sadismo de um supervilão, e não é à toa que o dono da risada mais icônica e assustadora dos quadrinhos seja considerado o mais insano de todos.

jackÉ isso o que a Piada Mortal nos mostra, a degeneração do humano pela decepção com a vida e com a própria humanidade, assim, o Coringa é resultado de uma existência de decepções e frustrações represadas. A conversa final entre os eternos rivais contém um teor psicológico que traça um paralelo entre a loucura de ambos, deixando um desfecho totalmente ambíguo no qual é preciso que o leitor tire suas conclusões.

A Piada Mortal 048Veja, tinha dois caras num hospício… uma noite eles decidiram que não queriam mais viver lá, e resolveram fugir! Aí, foram até a cobertura do hospício e viram, ao lado, o telhado de outro prédio apontando pra lua… apontando pra liberdade. Então um dos sujeitos saltou sem problemas pro outro telhado, mas seu amigo se acovardou, ele tinha medo de cair. Aí o primeiro cara teve uma grande ideia. Ele disse: ‘’Ei! Eu estou com minha lanterna aqui. Vou acendê-la sobre o vão dos prédios e você atravessa pelo facho de luz! ’’Mas o outro sacudiu a cabeça e disse: ‘O que? Você acha que sou louco?! E se você apagar a luz quando eu estiver no meio do caminho?

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