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“Não cabe aos Deuses decidirem se o homem existe ou não. Cabe ao homem decidir se os Deuses existem ou não.”

Em 2004 o Ragnarok varreu do universo Marvel os Deuses nórdicos, deixando assim o Deus do trovão em hiatus por um bom tempo, quando em 2007 J. Michael Straczynski e Oliver Coipel decidiram que era hora dos trovões rugirem novamente. O Renascer dos Deuses se deu inicio em Thor Vol. 3 na edição 1 em 2007, e se estendeu apenas até a edição 6 em 2008.

Na trama temos o alter ego de Thor, Dr. Donald Blake, trazendo o Deus do trovão de volta do vazio em que se encontrava após sua morte no Ragnarok. De forma magistral Straczynski consegue fazer com que o retorno de Thor não seja um mero acaso com desculpas apenas para revivê-lo, mas sim um contexto filosófico digno de um Deus, pois todo ciclo deve ter um fim, bem como um recomeço.

De volta à vida, o filho de Odin começa uma jornada para reviver Asgard, que ele traz para a Terra, e resgatar seus habitantes do vazio através de corpos humanos que receberam suas almas após o Ragnarok. A HQ conta com uma forte carga dramática, Thor se sente só em Midgard, e com razão, já que os Asgardianos estão desaparecidos no nada e seus outrora companheiros terráqueos se envolveram no embate da Guerra Civil, acabando com alguns mortos e outros presos.

Toda a trama se passa após os eventos da Guerra Civil, e Thor está ciente de tudo que aconteceu, algo que não é bom para o Homem de Ferro. Em determinado momento Tony vai ao encontro do Asgardiano e ordena que ele trabalhe para o governo junto à lei do registro, claro que o resultado disso foi a humilhação total do Stark, que em sua arrogância acaba tendo que aprender a diferença entre um humano e um Deus. Thor está ciente do seu clone criado por Tony, e não está feliz, enquanto ao mesmo tempo não está contente com o que foi feito aos seus amigos.

Com certeza esse é um dos pontos mais alto da história, finalmente o Homem de Ferro teve o que mereceu, temos uma amostra do verdadeiro poder do Deus do trovão, e é gratificante ver que Tony Stark é apenas um miserável em uma armadura, que agora está vivo apenas pela falta de interesse do Asgardiano em sua morte.

Retornando à sua busca pelos Asgardianos, Thor acaba sendo enganado por Loki e o traz também de volta à vida, agora na forma de uma mulher. O leitor percebe já no primeiro diálogo entre os irmãos, que o Deus da trapaça está tentando persuadir Thor dizendo que está mudado. Infelizmente a HQ não conta com um desfecho próprio, e deve ser acompanhada da leitura do arco “Em nome do Pai” para dar continuidade à história.

O roteiro de Straczynski é impecável, diferente de seus trabalhos com o teioso que tiveram algumas decisões criticáveis, e a arte de Coipel é divina, ele opta por um visual mais bruto para o Deus do trovão, contrariando a tendência de caracterizá-lo como um modelo. Este visual quase que Cimeriano casa muito bem com a história, e traz uma seriedade diferente ao herói.

O Renascer dos Deuses é um conto obrigatório para quem gosta do Deus do trovão, ele proporciona tudo que estava em falta para o mesmo e é com certeza uma das melhores histórias apresentadas após Guerra Civil, trazendo finalmente um pouco de justiça para aqueles que lutaram contra o registro e colocando Tony Stark no seu devido lugar. Sua premissa é forte e complexa, merecendo uma discussão interessante, os deuses existem no coração dos humanos, e cabe a eles decidir se os deuses existem ou não.