
Após 4 anos de espera, os fãs do grupo de hackers DedSec finalmente poderão conferir a nova aventura dos ativistas, com a chegada de Watch Dogs: Legion. O terceiro título da série iniciada em 2014, traz a narrativa para ainda mais perto da realidade, tratando de temas como o autoritarismo, Fascismo, controle de mídia e corporativo. Nele, o grupo de hackers terá que iniciar uma nova revolta, agora nas ruas de uma Londres pós Brexit, para livrar a cidade do controle da Albion, uma empresa privada de segurança militar que tomou o controle de tudo.
É interessante notar a escala que a série tomou dentro do seu universo, que mesmo fictício e em torno de algo tão nublado, o hack, conseguiu criar um mundo crível, tecnológico e muito embasado na realidade. Certamente não se vê pessoas andando nas ruas e hackeando carros através de seus celulares, mas a construção de mundo acompanha as habilidades dos protagonistas e se baseia muito no que a vida real possui em termos de tecnologia, fazendo que a ambientação criada para a franquia, especialmente em Legion, não seja algo absurdo e sem cabimento, mas uma evolução natural do que já vivemos hoje.
O inicio de Legion traz uma incriminação e desmantelamento do DedSec, assim, após a missão inicial, o jogador escolherá um personagem dentro de uma lista de candidatos que será o responsável por reerguer o grupo. Apesar de iniciar com este personagem, não é obrigatório utilizá-lo pelo resto do jogo, já que o título traz uma mecânica inovadora, qualquer pessoa na cidade pode se tornar um agente. Apesar de esta mecânica deixar o jogo sem um personagem principal, diferente dos antecessores, em nada compromete o desenvolvimento da trama, já que todos os recrutas vão ter suas vozes, falas e personalidades próprias, participando das cutscenes e interagindo com os outros NPC’s do jogo.

Claro, é praticamente impossível que em uma cidade com milhões de habitantes que podem ganhar vida na trama, fazer com que todos tenham vozes, personalidades e aparências únicas. O jogo deve gerar os personagens com suas características dentro de uma paleta de opções, mas esta é provavelmente enorme. Os jogadores podem passar horas percorrendo a cidade e conferindo cada NPC, ainda assim raramente encontrará personagens iguais, no máximo com a base do rosto parecida, mas alterando cabelos e outras características.
Todos os personagens no mundo de Legion terão uma profissão ou ocupação, e estas trarão benefícios para a equipe, uns mais do que outros. Um engenheiro de obras, por exemplo, poderá chamar drones de carga a qualquer instante e contará com uma arma exclusiva que atira pregos e é silenciosa, já um advogado, ou policial, vai encurtar o tempo na cadeia caso um personagem seja preso nas missões. A diversidade de opções implementa a possibilidade do jogador montar sua equipe de forma única, customizada para seu estilo de jogo.
Para recrutar um NPC e torná-lo utilizável, é preciso prestar atenção na sua inclinação pessoal, existem aqueles que já apoiam o DedSec, os que não apoiam nenhuma organização e aqueles que são a favor da Albion, geralmente funcionários da mesma. Se a pessoa já é favorável ao DedSec, é só abordá-la para uma conversa e descobrir o que ela quer em troca (Neutralizar um desafeto, apagar suas dívidas do sistema, etc), ao realizar a missão, este se juntará a equipe. Aqueles no segundo grupo podem ter algumas exigências a mais. Já os apoiadores da Albion exigirão um pouco mais de trabalho até que sua opinião mude, mas não é impossível.

Outro ponto que ajudará no recrutamento, é causar uma revolução nos distritos. Conforme o jogador cumpre determinadas missões e derruba o controle da Albion em cada local, será liberada uma missão que mudará o status do distrito para “revoltoso”, facilitando assim o recrutamento dos seus cidadãos.
Ainda que todas as “pessoas” sejam recrutáveis, é preciso tomar cuidado, pois além de suas “inclinações políticas”, há outros fatores que podem impedir seu recrutamento. Assim como na vida real, os personagens possuem suas relações sociais, caso o jogador mate ou prejudique algumas das pessoas ligadas a um possível recruta, ele deixará de apoiar o DedSec.
Todos esses aspectos tornam o mundo de Legion bem vivo, os NPC’s estão seguindo suas vidas até serem recrutados, indo ao trabalho, se encontrando com amigos, praticando esportes, entre outras atividades. Infelizmente, ainda que seja divertido recrutar os agentes e liberar os distritos da opressão, o jogador só poderá se ocupar com as missões principais, ou algumas poucas secundárias, já que faltam atividades extras para se realizar pelo mapa e o modo online só chegará em dezembro.

Visualmente o jogo está muito bonito, a sensação de explorar os pontos turísticos de Londres é muito bacana, quando cai a chuva fica melhor ainda. A tecnologia foi implementada pela cidade de forma orgânica, sem alterar drasticamente o visual desta, mas se incorporando de modo que pareça natural, ainda que se faça presente a influência da Albion em todos os cantos.
A jogabilidade também não deixa a desejar, o que já era bom na série, foi melhorado. As armas são diversas, o jogador pode decidir entre matar ou apenas neutralizar os inimigos com um vasto arsenal. Ainda é possível adquirir dinheiro pela cidade ou nas missões, que permite desbloquear habilidades ou dar upgrade nelas. O dinheiro também é utilizado para comprar roupas nas diversas lojas da cidade, todos os agentes podem ter suas vestimentas customizadas, infelizmente falta uma opção de “Barbeiro”, que seria bem bacana para alterar a aparência de um agente que o jogador tenha gostado mas queira mudar algum detalhe, mesmo que só nos cabelos e barba.
A “ajuda de visão“, comum nos jogos hoje em dia, não é mais permanente, funcionando agora como um pulso que revela objetos e inimigos hackeáveis, talvez o único ponto negativo já que é muito rápido e as marcações não são bem visíveis. Felizmente o jogo não apresenta grandes problemas de performance, apenas em raros momentos, assim como os bugs, de fato a IA dos NPC’s funciona muito bem no geral.
O título é uma grande evolução para a franquia, implementando mecânicas inovadoras e que funcionam dentro do que se propõe, criar uma revolta em grande escala. Watch Dogs Legion não escolheu Londres como seu palco principal à toa, a conspiração da pólvora é um episódio marcante da história e muito inspira a trama do jogo. Escolha seus agentes e trabalhe até criar a revolta nos distritos de Londres, pois “o povo não deve temer seu governo, o governo é que deve ter medo do seu povo“.

PRÓS
+ Mecânica de selecionar agentes e recrutar é inovadora e divertida
+ Todos os agentes podem ser customizados nas roupas e armamento.
+ Visual da cidade está muito bonito e bem integrado com a tecnologia.
+ Gráficos não são inovadores, mas são bem competentes.
+ Mundo vivo.
+ Trama interessante e muito atual.
+ Diversidade na aparência, profissão, vozes e características dos habitantes é incrível.
CONTRAS
– Mesmo com um mundo bem vivo, fazem falta atividades e missões extras.
– Um barbeiro para alterar cabelos e barba facilitaria para quem busca um agente de aparência específica.
– Sistema de “ajuda de visão” poderia destacar melhor os objetos interativos ou se manter por mais tempo.
NOTA FINAL: 8 / 10
Código fornecido pela Ubisoft e testado no PS4.