Misture a velha e batida fórmula dos jogos de mundo aberto com inovadores elementos de RPG e você tem Biomutant, o primeiro experimento da desenvolvedora sueca Experiment 101. As intenções são boas, mas como a ciência ensina: muitas vezes precisamos repetir nossos experimentos várias e várias vezes até que possamos obter um resultado satisfatório.

As novas ideias não se sustentam, e a experiência oferecida acaba sendo um grande mais do mesmo. Os próprios elementos de RPG envolvendo escolhas (e por extensão, consequências) acabam se perdendo em meio à campanha de pouco mais de 20h de duração, tamanha sua raridade. Fora muito pouco afetarem o desenrolar da narrativa.

As mutações, como o próprio nome do jogo indica, deveriam ser elementos cruciais no universo do jogo, e embora os ambientes sejam bastante bonitos e coloridos, eles pecam em variedade. Mutações, quando não são deletérias, geram… Bem, variedade. Cada região do jogo tem seu próprio bioma, com pouca ou nenhuma conexão orgânica com a região vizinha. Aliás, falta de variedade que afeta até mesmo o gameplay, com inúmeras missões secundárias de leva e trás.

E o que falta de variedade no mundo e nas missões, tem de sobra nos sistemas e mecânicas do jogo: três diferentes árvores de upgrade, sistema de moralidade, criação de itens, tribos para se afiliar, golpes de Wung-Fu (a arte marcial praticada pelos personagens) para aprender e mutações (que garantem poderes) para gerenciar. É muita coisa, e se perder nos menus vai ser uma constante nas primeiras horas de jogo, principalmente considerando que não há muita explicação sobre cada uma das mecânicas.

O combate, por outro lado, não é tão variado, mas pode ser bastante satisfatório dependendo da arma que você escolher. Os combos realizados com armas brancas geralmente são suficientes para eliminar a maioria dos inimigos, mas há também armas de fogo para causar dano a distância caso essa seja a sua praia, embora todas elas soem extremamente genéricas. Contudo, o senso de estilo de Biomutant é inegável: onomatopeias e os valores de dano causado explodem em cores na tela, adicionando um elemento visual muito bacana ao gameplay, semelhante ao visto em histórias em quadrinhos. Quase faz você ignorar o fato dos inimigos serem esponjas de absorver dano.

O sistema de criação é o grande diferencial do jogo, permitindo a customização de praticamente toda e qualquer peça de equipamento coletado. A Experiment 101 foi realmente a fundo, oferecendo possibilidades quase infinitas de customização. Objetos ordinários e mundanos podem ser transformados em armas de destruição em massa.

Tentando unir tudo isso existe um enredo sobre uma árvore sagrada, a Árvore de Vida, que reúne tribos ao seu redor tentando sobreviver após o incidente que resultou nas criaturas mutantes. Tudo narrado por um narrador quase que onipresente, cujo trabalho começa muito bem, mas logo se torna cansativo. A voz dele é basicamente a única que você escutará ao longo da campanha, sendo até mesmo os diálogos narrados por ele. Tal escolha narrativa tira a personalidade dos personagens, que são meros fantoches e impede que qualquer laço ou identificação seja feito pelo jogador. Não consigo citar sequer um personagem marcante.

Por fim, faz-se necessário mencionar os problemas técnicos que volta e meia acometem o jogo: quedas na taxa de quadros, texturas que demoram a aparecer e até mesmo congelamentos que duram segundos. Talvez em hardware mais potente a história seja outra, por aqui tenho um PS4 base.

CONCLUSÕES
Biomutant é o jogo que poderia ser, mas não é. Oferecendo muito mais que entregando, a experiência acaba sendo mediana do início ao fim, com algumas pinceladas de genialidade em meio à mesmice e aos problemas técnicos.

PONTOS POSITIVOS
+ Combate pode ser divertido
+ Sistema de criação praticamente ilimitado
+ Estilo visual único

PONTOS NEGATIVOS
– Problemas de performance no PS4 base
– Mundo vazio e desinteressante
– Narrador exaustivo

NOTA FINAL: 5,0 DE 10,0

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