Jogos baseados em histórias em quadrinhos sempre causam apreensão, sendo as franquias Batman Arkham e Marvel’s Spider-Man umas das poucas atualmente que nos fazem abrir um sorriso de orelha a orelha.

Eis que a Square Enix, após o mediano e nada memorável Marvel’s Avengers, tenta novamente a sorte com um dos grupos mais irreverentes da Casa das Ideias: Os Guardiões da Galáxia.

E não é que eles acertaram?

Marvel’s Guardians of the Galaxy entrega diversão explosiva e exagerada do início ao fim, com uma história inédita que agrada tanto veteranos dos quadrinhos quanto recém chegados ao universo dos personagens graças aos filmes do MCU, aprofundada através do sistema de diálogos presente no jogo.

A trama se passa 12 anos após os Chitauri terem destruído o universo durante a Guerra Galáctica. Peter Quill, o Star-Lord, acompanhando de Gamora, Drax, Rocket e Groot, viajam a bordo da nave espacial Milano em busca de trabalhos nem sempre muito convencionais para conseguirem pagar suas dívidas (os boletos não param de chegar, nem com o universo a beira de um colapso).

Durante um trabalho na Zona de Quarentena, os protagonistas são capturados pela Tropa Nova, encarregados por aquele setor da galáxia, e levados ao seu QG. Após pagarem a fiança e serem liberados, eles descobrem que uma nova ameaça coloca todo o universo em risco.

É um enredo cativante que entretém do início ao fim, mas é através dos personagens que o jogo brilha: os cinco “heróis” (mais para piratas espaciais) são simplesmente sensacionais, e lembram bastante suas contrapartes cinematográficas, principalmente no quesito personalidade. O trabalho de captura de movimento e de dublagem é absurdo, e mesmo com um orçamento infinitamente inferior ao dos filmes do MCU, os personagens do jogo entregam uma performance memorável (e difícil de ser superada).

Apenas o Star-Lord é 100% controlável, então as decisões e escolhas de diálogo realmente fazem o personagem ser elevado ao posto de líder do grupo. Embora não tenhamos aqui o nível de profundidade dos jogos da TellTale, é através dos diálogos que podemos conhecer mais do passado dos personagens e dissecar em camadas o enredo do jogo, como algumas decisões sendo determinantes para o rumo da campanha de mais de 20h de duração.

O combate é o cerne de Guardians of the Galaxy, mas também há espaço para exploração e puzzles ambientais. Dividida em 16 capítulos, há muitos ambientes diferentes a serem explorados atrás de colecionáveis e trajes baseados nos quadrinhos (nota pessoal: é louvável eles terem creditado TODOS os artistas, do desenhista ao editor, por trás do quadrinho que serviu de inspiração para o visual).

No departamento de combate, Star-Lord é equipado com seus dois blasters, que possuem munição elemental, que podem (e devem) ser utilizadas em diferentes situações. Elas são suficientes contra inimigos básicos, mas completamente inúteis contra inimigos maiores e mais fortes. E é aí que entram os outros quatro guardiões: cada um deles é equipado com quatro habilidades únicas, que são desbloqueadas ao longo da campanha e pontos de melhoria. Cada guardião possui seus pontos aptidões de combate: Groot é especialista em controle de grupos de inimigos, enquanto Rocket é o cara do combate à distância e dos explosivos, por exemplo. A diversidade de combinações é imensa, dando bastante espaço à experimentação. O único grande problema dos combates são os diálogos que se tornam repetitivos e exaustivos. As vezes um personagem repete duas ou três vezes a mesma frase em uma mesma batalha.

Outro destaque de Guardians of the Galaxy é a trilha sonora, com faixas do melhor do rock’ n’ roll (e derivados) da década de 80. Há espaço para músicas originais, pertencentes à banda fictícia Star-Lord, obviamente utilizada de inspiração pelo Peter Quill para composição de sua “persona” espacial.

Contudo, há um grande inimigo por trás do jogo (e nem estou falando do enredo): a performance. Há bugs e glitches frequentes. Partes dos personagens podem sumir durante as cutscenes, alguns objetos desaparecem durante o gameplay, dentre outros problemas. Recarregar o último save as vezes corrige o problema, então vamos torcer para que patches sejam liberados o quanto antes. Fora que a versão testada, PS4 regular, sofre com constantes quedas na taxa de quadros.

CONCLUSÃO

Marvel’s Guardians of the Galaxy é um jogo sensacional, seja você fã de histórias em quadrinhos ou não. Com humor, ação e exploração muito bem dosados ao longo de sua campanha de mais de 20h de duração, o sentimento que fica após a conclusão é o de que uma franquia com muito potencial pode surgir dali. Resta torcer para que os problemas sejam corrigidos o quanto antes.

Pontos positivos:

+ Fidelidade ao material de origem;

+ Gameplay frenético, com uma incrível diversidade de opções de combate;

+ Trilha sonora que casa perfeitamente com os personagens e com o enredo;

+ Mesmo sendo essencialmente linear, há espaço para exploração;

+ Campanha duradoura e nada cansativa, com personagens excelentes.

Pontos negativos:

– Diálogos de combate repetitivos;

– Problemas técnicos perceptíveis na versão de PS4 (principalmente na consistência da taxa de quadros), além de bugs e glitches generalizados.

NOTA FINAL: 8,5 de 10,0

Review escrito a partir da versão digital de PS4/PS5, gentilmente cedida ao site pela distribuidora.

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